O turismo convencional ameaça o ser humano e a natureza. Como alternativa há o ecoturismo, que visa a preservação do meio ambiente e da cultura local. Setor vem crescendo até 34% ao ano desde 1990. O turismo de massa muitas vezes sobrecarrega uma região, tendo consequências catastróficas para o meio ambiente. A ilha espanhola Maiorca, por exemplo, sofre com a escassez de água e a construção de hotéis na costa. Tudo para atender à demanda de turistas, principalmente alemães e ingleses, que lotam as praias de areia branca do local desde a década de 1950. Porém, existe uma alternativa à invasão de praias paradisíacas por multidões: o ecoturismo, também chamado de turismo verde ou natural. Apesar dos nomes diferentes, o conceito é o mesmo: viajar deve levar em conta a preservação do meio ambiente e do meio social, sem destruir ou modificar o destino turístico. Consciência tranquila "Ecoturismo é uma forma responsável de se viajar, que contribui para a preservação ambiental e o bem-estar da população local", explica Ayako Ezaki, da Sociedade Internacional de Ecoturismo (TIES, na sigla em inglês). "O destino turístico, incluindo o meio ambiente e a população local, deve se beneficiar culturalmente, economicamente e ecologicamente do turismo." Essa forma de viajar custa, porém, mais que os pacotes tradicionais. Entretanto, ela proporciona uma consciência tranquila para quem opta por ela. Muitos turistas não se sentem bem sabendo que estão gastando vários litros de água para tomar banho, enquanto os nativos da região não têm sequer acesso à água potável para beber. Essa consciência ambiental é importante diante das mudanças climáticas. Antigamente viajar era muito caro, e poucas pessoas tinham condições de fazê-lo. Nas últimas décadas, o turismo ficou mais acessível, pelo menos para os habitantes dos países industrializados do Hemisfério Norte. Cerca de 900 milhões de pessoas viajam pelo mundo por ano, com graves consequências para o clima e o meio ambiente. O crescimento do setor contribuiu para o rápido aumento das emissões de dióxido de carbono. Painéis solares em hotéis Segundo a TIES, o setor do ecoturismo vem crescendo até 34% ao ano desde 1990. Jonathan Tourtellot, do Centro de Destinos Sustentáveis da National Geographic, acredita que esse aumento está relacionado à conscientização cada vez maior sobre a importância de proteger o meio ambiente e combater as mudanças climáticas. "Além disso, destinos turísticos autênticos estão sendo cada vez mais procurados", diz. Porém, a maioria dos ecoturistas viaja de avião e contribui, assim, para a emissão adicional de dióxido de carbono. Além disso, resorts turísticos gastam muita energia com filtros para as piscinas, ar condicionado, luz noturna – e quase tudo movido a energia gerada a partir de combustíveis fósseis. Entretanto, o turismo sustentável contribui para a redução dos danos ambientais, quando um hotel utiliza energia de fontes renováveis, por exemplo. Belezas naturais A ilha tailandesa de Kho Khao é um projeto modelo para um novo formato de turismo. A maior parte da energia utilizada no Kho Khao Beach Resort é solar e eólica. O objetivo é reduzir a emissão de dióxido de carbono em 20%. No longo prazo, a ideia é que a ilha seja vista como um exemplo de turismo sustentável. Ao contrário do turismo convencional, o foco do ecoturismo está na autenticidade. Os turistas não devem relaxar isolados em um hotel que mais parece um hospital de tão limpo, mas sim vivenciar as belezas naturais. A natureza é exatamente o grande potencial de Kho Khao. A ilha abriga tartarugas marinhas, golfinhos e pássaros raros. E, para protegê-los, é extremamente necessário que o turismo se desenvolva tendo em vista a preservação do meio ambiente. Turismo verde como modelo para o desenvolvimento Ecoturismo não significa somente proteger o meio ambiente. O conceito também inclui questões de política de desenvolvimento. Ekazi, da TIES, explica que o ecoturismo deve contribuir para que grupos locais possam lutar contra a pobreza e se desenvolver de forma sustentável. Além disso, os turistas devem ter a oportunidade de aprender mais sobre a cultura do país para onde viajam e interagir com a população local. "Ecoturismo não é uma via de mão única", diz Ezaki. "Apesar desses modelos estarem sendo implantados em muitos países do Hemisfério Sul, isso não excluiu os países ricos." O Centro de Destinos Sustentáveis da National Geographic, por exemplo, trabalha em parceira com uma iniciativa do Vale do Rio Douro, em Portugal, com o objetivo de promover o turismo sustentável na região. E, para Maiorca, ainda há esperanças. Há vários projetos que buscam mostrar e preservar as belezas naturais sem estimular o turismo de massa. Além disso, o governo espanhol proibiu a construção de hotéis em algumas áreas da ilha.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
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