Férias de verão… só de falar nisso já bate aquele saudosismo das festas de fim de ano (que foram no mês passado) e você mal pode esperar estes onze meses passarem logo para poder ir à praia de novo. Mas que tal ir para os EUA, atravessar o país de carro, no inverno? Parece loucura? Talvez seja. Por que alguém trocaria quase 7.500 km de praias tropicais por muita neve, gelo, asfalto escorregadio e um frio de rachar só para atravessar os Estados Unidos de carro? Primeiro: quase não há trânsito, o que é sempre bom. Segundo: as paradas e pontos turísticos não estão abarrotados de gente. Terceiro: se você lê o Jalopnik, suponho que você seja um cara que gosta de dirigir, nem que seja só um pouco. Eu mesmo aproveitei as festas de fim de ano para dirigir no inverno dos EUA. Encontrei um amigo no Kansas, depois fomos para o Colorado, depois Idaho, depois de volta para o Colorado, depois Califórnia, e finalmente para a Virgínia. Foi uma jornada de 9.000 km, mas as paisagens tinham uma beleza sem igual.
Em particular, a ampla, congelada e praticamente deserta faixa no sul de Wyoming era impressionante, com guindastes de mineração trabalhando logo ao lado da estrada, refinarias de óleo que brilhavam como um panorama urbano na escuridão, e colinas cobertas de gelo que pareciam ter saído do cenário do Planeta de Gelo em O Império Contra-Ataca. Em Utah, as planícies de sal de Boneville estavam mais brancas do que nunca, e o sol cor de prata brilhava quase sem força sobre a neve. As paradas para caminhões em Nevada, vazias salvo pela galera do futebol de domingo, eram um sopro de calor humano em meio ao deserto congelado; o som animado das máquinas caça-níqueis e pôquer eletrônico continuavam os mesmos de sempre. Com exceção das montanhas de Sierra Nevada e do Lago Tahoe, a Califórnia praticamente não muda – o brilho do sol é consistente e há comida mexicana o ano todo. E, claro, temos o Leste, onde você talvez se irrite com o trânsito, mas pode ser uma bênção de vitalidade para quem não está acostumado com a desolação das áreas menos populosas. Uma vez superada a miríade de curiosidades que o estado do Kansas tem para oferecer, há muita hospitalidade e conveniência. Toda aventura precisa de uma parada pela “cidade grande” de vez em quando. Mas se você vai mesmo sair nesta jornada, há algumas coisas que você deve fazer. Eu não as chamaria de “regras”, porque cada um sabe o que faz. Só que eu vou avisando: é muito frio, e quebrar no meio do nada sem roupas apropriadas pode ser perigoso e até mortal. Portanto, vou te dar algumas dicas preciosas para uma boa viagem de inverno: Roupas quentes: você não precisa se vestir como se fosse explorar a Antártida quando está viajando no relativo conforto de um carro, mas por via das dúvidas leve alguns agasalhos a mais, só para o caso de seu carro quebrar no meio do nada e você ficar sem o ar quente (mesmo os melhores carros estão sujeitos a quebras, então se prevenir nunca é demais).Procure fazer em camadas: cueca, camiseta, calças, meias de lã, um suéter, um casaco, um gorro, luvas, e sapatos quentes são o básico. Se estiver acostumado ao clima tropical, leve bem mais do que o básico. Fica mais frio no sul e sudoeste dos EUA no inverno, especialmente à noite, então tenha tudo à mão. O frio é perigoso. Um veículo em ordem: agora não é a hora de espremer o último suquinho do seu carro velho ou levar um projeto para a estrada. Carros e picapes odeiam frio extremo mais do que você, e se uma peça está perto de falhar, pode crer que acontecerá quando a temperatura estiver a -20°C. E, repetindo, a uma temperatura dessas, ficar sem motor significa ficar sem aquecimento, e você detestaria congelar seu traseiro lá fora com a cara enfiada no motor. Mas nunca é demais ter um kit básico de ferramentas no porta-malas. Ferramentas para a neve: leve um raspador de gelo (com escova, de preferência) e correntes para os pneus. Mesmo que você ache que não vai pegar uma nevasca, nunca se sabe, especialmente em uma viagem longa. Óleo, anticongelante, água do para-brisa, etc: tenha todos os fluidos que precisa. Alguns postos de gasolina e pontos de descanso cobram os olhos da cara por essas coisas no inverno. Eu esqueci de levar anticongelante, não chequei o nível do líquido de arrefecimento e acabei pagando 16 dólares (uns R$ 32) por quatro litros. Doeu. Telefone, carregador, sinalizadores: se, apesar dos seus esforços, sua carruagem morrer de vez, tenha todo tipo de comunicação e sinalização que conseguir prontos para entrar em ação. Comida, água e fogo: obviamente, a água congela bem rápido se ficar guardada no porta-malas o dia todo. Mas você pode – e deve – levar um fogão de acampamento para aquecê-la em uma viagem de centenas de quilômetros no deserto gelado. E leve comida que possa ser consumida no frio – barras de cereais e coisas do tipo. Tem muita coisa legal para fazer no inverno – esquiar, andar de snowmobile e de trenó, comer e beber em algum resort da moda que vai lhe custar os olhos da cara. Como a gasolina está mais barata, alugue um carro bem beberrão e faça tudo do jeito americano! Só um último conselho: se vai parar em um hotel na beira da estrada – que nos EUA se chamam “motel” (motor + hotel, sacaram?) e não servem só para noites de amor – procure saber antes de fazer o check-in se o aquecedor funciona. Um aquecedor/ar-condicionado comum funciona bem no Brasil, mas não adianta em temperaturas abaixo de zero. No mais, boa viagem! fontes: jalopniksábado, 26 de janeiro de 2013
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