A Fugas elege 13 destinos que vão estar sob os holofotes em
2013. Para ir ou para sonhar. Crises à parte, quem sabe se, com um pouco
de sorte, 2013 não é o ano da viagem das nossas vidas... De um salto a
Amesterdão a uma luxuriante Costa Rica, de um Rio de Janeiro em mudanças
às capitais culturais da Europa. E mais mundo...
Amesterdão, Holanda
É uma das cidades mais visitadas do mundo e todos sabemos porquê — a fama de Amesterdão é universal. São os canais e as
coffee shops,
é o Red Light District e as bicicletas, são os museus e as flores.
Amesterdão é tudo isso, mais algumas coisas, e em 2013 estará
particularmente em festa(s). É um vórtice de aniversários “redondos”:
cantam-se os parabéns ao anel de canais da cidade (que cumprem 400
anos), a Vincent van Gogh (160 anos) e ao seu museu (40 anos), à
Orquestra Real Concertgebouw (125 anos).
A juntar-se a estes, a
reabertura do Rijksmuseum, depois de dez anos de remodelação, promete
marcar a agenda com o “regresso” de Rembrandt, Vermeer e outros velhos
mestres à sua casa, o maior museu holandês. Vai ser, portanto, um ano
extraordinário na capital holandesa que, na verdade, nunca tem falta de
eventos culturais e animação.
Ou seja, teremos sempre o mercado de
flores e o Vogelpark com os seus concertos e espectáculos de teatro, a
feira da ladra e o Prinsengracht com as lojas e restaurantes mais
trendy
da cidade, a Casa de Anne Frank e a Sinagoga Portuguesa, Leidseplein e
Rembrantsplein com a animação nocturna e a severa arquitectura
seiscentista alinhada ao longo dos canais onde flutuam as casas-barco.
Infos: Turismo de Amesterdão | Turismo da Holanda
Córsega, França
Não
é uma ilha qualquer, apesar de até ter sido vendida a França como se de
mercadoria se tratasse. Daqui se fez história — e sem essa transacção
tudo teria sido diferente: afinal, foi um ano depois do “negócio” que
nasceu, na sua capital, Ajaccio, um cidadão francês, Napoleão Bonaparte,
que revolucionou a Europa e o mundo. Parte de França, portanto, há
quase 250 anos, com Itália no sangue, a Córsega tem pouco em comum com o
continente, mas em 2013 vai aproximar-se um pouco mais.
No ano em
que o célebre Tour de France comemora cem anos, a partida será da
Córsega, onde decorrerão as primeiras etapas, entre paisagens abismais
de montanhas rugosas e praias com os pés no Mediterrâneo.
São as
praias a principal atracção da ilha, mais de 300 quilómetros delas,
escondendo-se em baías ou exibindo-se em grandes areais dourados; mas as
montanhas são também muito procuradas: nas primeiras, dominam as
actividades aquáticas e os inevitáveis banhos (de sol e de mar); nas
segundas, as caminhadas, das mais leves às mais desafiantes. Por todo o
lado, aldeias pitorescas que parecem fazer parte da paisagem e cidades
agradáveis, em suave bulício mediterrânico e orgulhosa identidade corsa.
Infos: Turismo da Córsega | Turismo francês
Capitais Europeias da Cultura: Marselha e Košice
É,
na verdade, uma aliança um pouco improvável, esta de Marselha e Košice.
Mas em 2013 há um elo forte a unir as duas cidades: são, a partir de 12
de Janeiro, as capitais europeias da cultura. Do sul de França ao leste
da Eslováquia constroem-se, portanto, pontes culturais que prometem um
ano preenchido de actividades por todas as disciplinas artísticas.
Marselha será
o farol cuja luz se vai estender pela Provença, de Arles a
Aix-e-Provence e mais além, e o palco que receberá uma série de novos
espaços culturais. A cidade mais antiga de França (2600 anos), aninhada
entre o litoral e as montanhas, vai receber, entre outros, o novo Museu
das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo (junto do velho porto, cuja
primeira fase de renovação ficará concluída em 2013), um novo Museu de
História e do Velho Porto e o Centro Regional para o Mediterrâneo (CRM).
Mais a norte,
Košice vai gozar do estatuto de
ser a primeira cidade eslovaca a conseguir o estatuto de capital
Europeia da Cultura no ano em que o país cumpre 20 anos de
independência. Na região dos Cárpatos, a cidade apresenta-se como
testemunho do império austro-húngaro mesclado com a realidade pós-Guerra
Fria e prepara-se também para aparecer de cara lavada. Por exemplo, a
velha piscina interior municipal, herdada da Checoslováquia, vai ser
transformada num moderno centro de artes e cultura multifuncional
(Kunsthalle), mantendo a água como elemento estrutural; e as instalações
de antigas casernas, bem perto do centro histórico da cidade, vão ser
transformadas num quarteirão criativo. É a cultura a liderar revoluções
urbanas, em Marselha e Košice.
Infos: Marselha 2013 | Kosice 2013
Nápoles, Itália
É
um turbilhão italiano: história milenar, que vem dos gregos, passa
pelos etruscos e brilha romana, monumentos abundantes, casa da pizza;
trânsito de caos impossível para não iniciados, sujidade nas ruas,
território mafioso por excelência. Nápoles não é cidade fácil, mas pode
entranhar-se e este ano o mundo vai andar por lá: 101 dias, 101 cidades.
O pretexto é o Fórum Universal das Culturas que, entre Abril e
Julho, vai transformar a cidade na capital mundial das culturas sob o
lema “A memória do futuro”. Com centenas de milhões de euros investidos,
a cidade vai ser palco de manifestações artísticas e culturais de todos
os continentes, ao mesmo tempo que vai receber uma operação plástica,
sobretudo na zona oeste, que receberá a Ágora do fórum.
Sem perder o carácter e rugas que o tempo lhe deu e que se expressa entre ruelas estreitas ou grandes
boulevards,
oscilando entre quarteirões históricos e a moderna Praça do Plebiscito,
os seus castelos e igrejas, a ópera, o funicular e o mercado que o é
desde tempos romanos a abraçarem a baía de Nápoles.
Fora da sua
capital, a região da Campania oferece-se desde a Costa de Amalfi à ilha
de Capri, do Monte Vesúvio às ruínas fantasmagóricas de Pompeia.
Infos: Nápoles 2013 | Turismo de Nápoles
Derry/Londonderry, Irlanda do Norte
É
a primeira Cidade da Cultura britânica (um título criado para
impulsionar a economia através do turismo e das indústrias criativas) e
um exemplo do “reino unido”: Derry/Londonderry, a segunda maior cidade
da Irlanda do Norte, foi a escolhida para a inauguração do título.
Para
muitos é o melhor exemplo de uma cidade fortificada britânica, mas aqui
o passado é um fardo que se tenta ultrapassar olhando o futuro: há 40
anos foi palco do tristemente célebre
bloody sunday, que viu 13
participantes numa marcha pelos direitos civis serem mortos por
militares britânicos; no ano que se avizinha, a arte, dança, teatro,
cinema, música e o desporto são pretextos para a aproximação das duas
culturas da cidade.
Do programa anunciado destaca-se o Prémio
Turner, o mais importante das artes visuais no Reino Unido, a acontecer
pela primeira vez fora de Inglaterra; as estreias das novas produções da
companhia teatral local Field Day, fundada pelo dramaturgo Brian Friel e
pelo actor Stephen Rea, que vão voltar; e o All-Ireland Fleadh, o maior
festival de música tradicional irlandesa que este ano vem aqui.
Tudo
pretextos adicionais para descobrir a cidade, entre as margens do rio
Foyle e as muralhas do século XVII, testemunhas de uma história rica,
por vezes sangrenta numa região de grande beleza natural.
Infos: Turismo de Derry/Londonderry | Turismo da Irlanda do Norte
Rio de Janeiro, Brasil
Nos
próximos anos, se haverá cidade que andará na boca do mundo será o Rio
de Janeiro. Afinal, a cidade maravilhosa, a cidade brasileira mais
famosa no mundo, prepara-se para receber os maiores eventos desportivos
do planeta: os jogos olímpicos de 2016 e antes, em 2014, o campeonato do
mundo de futebol. Por isso, porque não ir antes e evitar as multidões e
a previsível (maior) escalada de preços?
A revolução urbana
necessária para receber essas provas já começou e muitos projectos
ficarão concluídos durante 2013. Assim, juntar-se-á o futuro e o passado
da cidade que em 2012 a UNESCO distinguiu como Património Mundial, pelo
cenário urbano que se esculpe entre as montanhas e o mar. O bordado
indisciplinado que se tece em costa caprichosa é tutelado por uma das
Novas Sete Maravilhas do Mundo, o Cristo Redentor, no Corcovado, mas o
Pão de Açúcar rivaliza nas vistas que oferece à entrada da baía de
Guanabara.
De chinelos no pé e areia perto, entre Ipanema,
Copacabana, Leblon e Lagoa (Rodrigo de Freitas), do Parque Nacional da
Tijuca ao Jardim Botânico, pelo centro da cidade entre testemunhos da
colónia e do império e despiques modernistas, dos passos do samba e do
desvario do funk, de coco na mão ou pé no “bondinho”, da cultura formal à
criatividade à solta — há mil rios de janeiros.
Infos: Turismo do Rio | Turismo do Brasil
São Francisco, Estados Unidos
A sua aura criou-se nos anos 1960: São Francisco foi o berço do movimento
hippie,
onde todos usavam “flores no cabelo”. Desde então, a cidade
californiana tem gozado da fama, e do proveito, de ser uma das mais
liberais dos Estados Unidos — não é à toa que entre os pontos
incontornáveis estão o bairro Haight, onde sobrevivem reminiscências da
contra-cultura da década de 1960, e o bairro Castro, onde a cultura LGBT
floresce.
Cidade descontraída, conhecida pela sua vida cultural
intensa (e, muitas vezes, informal), pelos seus restaurantes e pelos
seus terramotos, estende-se em colinas, atravessadas por ruas inclinadas
onde circulam eléctricos amarelos entre casario vitoriano de cores
claras — é um dos seus postais, muitas vezes em contraste com o
skyline.
Outros
postais inevitáveis são a ponte Golden Gate e a baía, onde, entre
outras, se destacam a ilha-prisão Alcatraz. No próximo ano, mais do que
habitualmente, São Francisco vai virar-se para o mar — e não só visto de
Fisherman’s Wharf com os seus leões-marinhos; há novos projectos no
waterfront.
Afinal,
não é sempre que se recebe a Taça América (America’s Cup), a mais
importante regata internacional e o evento desportivo mais antigo do
mundo (1852), que chega em Julho.
Infos: Turismo de São Francisco
Cataratas Vitória, Zimbabwe/Zâmbia
A
maior queda de água do mundo (1708 metros de extensão e 108 de altura)
não é segredo para ninguém e desde que David Livingstone a avistou pela
primeira vez, em 1855, o nome que lhe deu tem andado na boca de todos:
Cataratas Vitória, a impor-se ao nome local Mosi-oa-Tunya (“fumo que
troveja”).
Na fronteira entre o Zimbabwe e a Zâmbia, protegidas
por parques nacionais em ambos os países, as cataratas têm estado um
pouco isoladas devido à instabilidade naquelas partes de África. Porém,
2013 pode marcar a reviravolta, uma vez que o turismo parece estar a
regressar a estes países — a ajudar, com certeza, estará a realização da
assembleia-geral da Organização Mundial do Turismo nas duas cidades que
“dividem” a entrada para as cataratas: Victoria Falls (no Zimbabwe) e
Livingstone (na Zâmbia).
Para a receber, Victoria Falls está a
ampliar o seu aeroporto e a assistir à construção de uma nova unidade
hoteleira de luxo; em adição, Livingstone prepara-se para celebrar o
bicentenário do nascimento do explorador escocês que lhe deu o nome.
Será um ano agitado nestas paragens que vivem ao ritmo das águas e
paisagens indomadas, territórios que são, naturalmente, palco de
actividades de aventura.
Rafting, canoagem,
bungee jumping,
zip line sobre as cataratas, safaris (incluindo no vizinho Botswana), entre outros, fazem desta zona um mundo de adrenalina.
Infos: Turismo da Zâmbia | Turismo do Zimbabwe
Costa Rica
Já
foi uma república das bananas — quando as bananas eram a principal
fonte de rendimento do país —, porém, desde meados dos anos 1990, o
turismo passou a ser a marca do país da América Central. Em 2009, a
Costa Rica apareceu no primeiro lugar do Happy Planet Index (algo como
Índice do Planeta Feliz), criado pela ONG ecológica britânica New
Economics Foudation: este não determina as nações mais felizes do mundo,
antes a capacidade de cada país proporcionar vidas longas, felizes e
sustentáveis para os seus cidadãos.
A subjectividade do nível de
satisfação de cada um une-se a outras duas variáveis mais objectivas, a
esperança média de vida e a pegada ecológica. Olhando para o país é
irresistível fazer a ligação entre o nível de protecção ambiental e a
“felicidade” do povo: um quarto do território é área natural protegida e
o ecoturismo aqui é uma realidade. A capital, São José, situa-se no
planalto central, o que faz dela um bom ponto de partida para explorar o
país que brilha para além da sua cidade principal, sem grandes pontos
relevantes.
Entre praias que se estendem ao longo da costa do
Pacífico e a costa das Caraíbas (a mais económica), com a combinação de
areia, sol e mar, e parques naturais que pontuam todo o país com
vegetação exuberante e fauna inesperada, e até vulcões activos
visitáveis, os visitantes são brindados com actividades que vão desde as
mais radicais, como o
bungee jumping e
rafting, ao puro relaxe do
birdwatching ou
snorkeling, por exemplo — o estatuto de meca do surf mantém-se intocável.
Infos: Turismo da Costa Rica
Ilha Komodo, Indonésia
Tem
o nome do seu habitante mais conhecido (e mais temido): komodo, o
dragão cuja protecção levou à criação do Parque Nacional Komodo, na
Indonésia — a ilha Komodo é uma das três que constituem o parque (as
outras são Rinca e Padar) e foi considerada uma das sete novas
maravilhas da natureza.
De origem vulcânica, a ilha tem o rosto
desolado e desértico da planície lunar, que se exalta em altos picos
escarpados, e parece o habitat ideal para os répteis de aspecto quase
pré-histórico que nela habitam. Convivem com uma comunidade de cerca de
dois mil habitantes, que durante muitos anos os alimentava, como parte
de uma tradição longínqua.
Um movimento nos anos 1990 proibiu a
sua alimentação, numa tentativa de estabelecer um ecossistema mais
natural para os dragões. O avistamento destes animais é inevitável na
ilha, que oferece mais fauna para observar, em terra e no mar (baleias e
golfinhos são comuns).
O mergulho e o
snorkeling são
actividades muito procuradas pelos turistas que vêm chegando cada vez em
maior número à ilha e ao parque, porque as águas em redor, apesar de
turbulentas, oferecem vista para um mundo subaquático feito de cores
vibrantes, corais e espécies marinhas exóticas. As acomodações na ilha
são sobretudo em acampamentos com cabanas — a condizer com a atmosfera
de princípio do mundo.
Infos: Turismo da Indonésia/Komodo
Palau
De
21 mil habitantes vive esta república-arquipélago que ocupa 494
quilómetros quadrados distribuídos por oito ilhas principais e mais de
250 ilhotas e atóis. País jovem — a independência foi declarada em 1994
—, num canto do Pacífico, a República do Palau é um segredo bem
escondido.
A sua remota localização, na Micronésia, a tal não será
alheia — chegar lá é uma odisseia de continentes —, mas se calhar é ela
que preserva paisagens intocadas, miragens entre a água e o céu do
perfeito paraíso tropical, e um povo de simpatia transbordante, que se
concentra sobretudo em Koror, a ilha mais populosa e antiga capital,
entretanto transferida para Melekeok (em Babeldaob) e com pouco mais de
300 habitantes.
Cada ilha é uma caixinha de surpresas: da mais
cosmopolita Koror e da contrastante Babeldaob, que oscila entre
montanhas vertiginosas e dunas de areia, abrindo-se em lagos de água
doce, à ilha Peleliu, cemitério de relíquias de batalhas da II Guerra
Mundial entre japoneses e norte-americanos, muitas maravilhas naturais
se revelam. Florestas luxuriantes, quedas-de-água e grutas intocadas,
areias brancas e uma das maiores concentrações mundiais de recifes de
corais que são a coroa da glória de Palau.
Esta natureza pristina é
estimulada pelos habitantes, que apostam numa economia “verde” e na
concretização de projectos de desenvolvimento sustentáveis.
Infos: Turismo de Palau
Coreia do Sul
Tem
um vizinho a norte mais mediático e é talvez por isso muitas vezes
ignorada, mas a Coreia do Sul é mais do que a sua capital, Seul, e os
seus dez milhões de habitantes; do que a tecnologia; e do que a zona
desmilitarizada (DMZ) entre as duas Coreias que, apesar do nome, é
provavelmente a zona mais militarizada do planeta.
O ano passado,
por exemplo, a sua maior ilha, Jeju, foi proclamada uma das Sete Novas
Maravilhas da Natureza: um vulcão central que se ergue a 1950 metros,
rodeado de 360 outros vulcões-satélites, compõem a face mais visível da
ilha a sul da península, mas não a única. Além das suas grutas e
formações rochosas de lava, há praias, cascatas, lagos, sítios
históricos e aldeias típicas — tudo envolto por um passado místico que
data da Pré-História e lhe vale o título de “ilha dos Deuses”.
E,
voltando ao continente, a Coreia do Sul tem-se tornado uma meca para
actividades ao ar livre, tudo enquadrado por uma cultura e história
riquíssimas. Quem quiser recolhimento, os mosteiros budistas recebem
visitantes; mas em 2013 a Coreia do Sul vai estar no radar dos amantes
do desporto: recebe o Campeonato Mundial de Remo e os Jogos Asiáticos em
Recinto Coberto e de Artes Marciais.
Infos: Turismo da Coreia do Sul